31 de dezembro de 2008
28 de dezembro de 2008
Cztery noce z Anna
[Jerzy Skolimowski, 2008]
Em 'Quatro Noites Com Anna' recebo os exteriores com alívio e uma sensação de conforto transitório, um ou outro minuto de tréguas; e são paisagens brancas de tanta neve, numa Polónia rural hostil e decadente. Os interiores, sem esse manto de camuflagem, são gélidos, ruínas sem biombos nem esperança possíveis, estilhaços com sombras de vida. É dentro de portas, como sempre, que tudo se passa; mas é lá fora que Leon Okrasa se confronta com o seu muro, que o devolve ao interior de si próprio em violento ricochete. O filme é a história de uma ténue e comovente resistência ao vazio, a representação de um último estertor.
25 de dezembro de 2008
Lapso Freudiano
24 de dezembro de 2008
McCartney
Near-life music
Chamem o Father Merrin
22 de dezembro de 2008
Esquecimento Global
Cada vez parece mais evidente que esta coisa-humanidade não conseguirá auto-regular-se até ao ponto de ter que enfrentar a sério o colapso do ecossistema. A irracionalidade e o alheamento até podem ser os de sempre, mas o potencial destrutivo (político, social, económico, militar) é francamente maior do que alguma vez foi. Ninguém quer saber. Dêem-nos novas temporadas das séries e câmaras nos rabos das celebridades. Dêem-nos mediocridade e boas festas. Boas festas.
12 de dezembro de 2008
11 de dezembro de 2008
Hipertexto
Puxei pelas costelas anarquistas (as flutuantes) e resolvi seguir a ordem (parece estranho, não é? - as costelas mais conservadoras entendem-me-nos...) alternativa, sugerida quase a medo pelo Julio Cortázar antes do início da Rayuella, que permite jogar com os capítulos de forma a não evitar os 'prescindíveis'. Isto provoca uma sensação curiosa: ando a saltar pelo livro, o que significa que num dia deixo o marcador a meio e noutro no final ou no início. O que confere uma sensação de liberdade, apesar de, na verdade, muito condicional (como todas as liberdades). E a estranha ideia, um pouco infantil, de que ele, o objecto, também gosta. Sabe-se como é importante, em vidas curtas e tendencialmente monótonas, como as dos livros, ser experimentado com variações. Dentro das folhas, a obra ganha vida, pontuada por ruminações metafísicas ou estéticas. E reforço a ideia de que o pensamento mais perigoso, a praga ontológica, obriga sempre a desvios e circunvoluções. Não imagino este jogo sem aquele dispensável.
4 de dezembro de 2008
Do tempo
Anunciou outro futuro livro. Mas logo a seguir, José Saramago diz a um Mário Crespo babado pela inesperada caixa que aquilo era notícia velha, que já tinham passado 15 segundos.