Puxei pelas costelas anarquistas (as flutuantes) e resolvi seguir a ordem (parece estranho, não é? - as costelas mais conservadoras entendem-me-nos...) alternativa, sugerida quase a medo pelo Julio Cortázar antes do início da Rayuella, que permite jogar com os capítulos de forma a não evitar os 'prescindíveis'. Isto provoca uma sensação curiosa: ando a saltar pelo livro, o que significa que num dia deixo o marcador a meio e noutro no final ou no início. O que confere uma sensação de liberdade, apesar de, na verdade, muito condicional (como todas as liberdades). E a estranha ideia, um pouco infantil, de que ele, o objecto, também gosta. Sabe-se como é importante, em vidas curtas e tendencialmente monótonas, como as dos livros, ser experimentado com variações. Dentro das folhas, a obra ganha vida, pontuada por ruminações metafísicas ou estéticas. E reforço a ideia de que o pensamento mais perigoso, a praga ontológica, obriga sempre a desvios e circunvoluções. Não imagino este jogo sem aquele dispensável.