27 de novembro de 2008

26 de novembro de 2008

O esférico rolando sobre a erva

Trincos, líberos, alas - tudo muito encriptado. A designação das posições dos jogadores deveria basear-se na taxinomia do comentador do jogo de hoje, entre o FCP e o Fenerbahçe. Segundo ele, fulano-de-tal, que não pára de atrapalhar os adversários, é um óptimo "médio-carraça".

25 de novembro de 2008

Pace aeternu (já merecia, o homem)

Parece que o Vaticano publicou um indulto a John Lennon, ainda na sequência de este uma vez ter declarado, com aquela voz de quem tenta não desperdiçar demasiado fumo, os Beatles mais populares que Jesus Cristo. 

Duas rebuscadas cogitações me assaltam:

1) Este perdão chegou, mais ou menos, 470 anos e umas horas antes do habitual. Parabéns.

2) O Vaticano mantém, nas suas hostes, alguns infiltrados do demo, incumbidos de conservar uma profunda reverência ao ridículo.

22 de novembro de 2008

E que revolução é essa que tu dizes ser a última? Não há última revolução. As revoluções são infinitas em número. A última revolução é coisa de crianças. O infinito assusta as crianças e é necessário que elas de noite tenham um sono descansado.

Zamiatine | Nós (1921)

Porque numa batalha era preciso ter ambos os pés firmemente implantados na terra. O Partido ensinava como o fazer. O infinito era uma quantidade politicamente suspeita, o 'Eu' uma qualidade suspeita. O Partido não reconhecia a sua existência. A definição do indivíduo era: uma multidão de um milhão dividida por um milhão.

Koestler | Darkness at Noon (1940)

[IMGs da obra de Juan Muñoz]

18 de novembro de 2008

Gravitas

Se por um nano-cagagésimo-instantâneo, para manutenção ou limpeza das supercordas, deixasse de haver gravidade e ligações químicas entre moléculas e partículas, os nossos corpos, incluindo o da Kim Basinger, seguiriam a expansão do universo. Todos os átomos, absolutamente tudo se afastaria entre si. O que seria grave.

Espaço e tempo em constante expansão desde o primeiro instante é uma ideia difícil de conceber, principalmente se pensarmos além das fronteiras dessa caminhada elementar, em que existe o nada. Ou em que não existe nada. Ou algo assim.

Ainda bem que o Newton inventou a gravidade. Até lá, não sei como é que as pessoas se aguentaram integradas. Até 1687 deve ter havido uma colossal procura de fita-cola e frasquinhos de cuspe.

img: Newton, 1986 (o Helmut, que não o Isaac)

17 de novembro de 2008

Shut da fuck up

Ainda pensei que o João Lopes tivesse feito um post sobre o silêncio (relativo) durante um jogo de futebol, mas afinal não. Explico: há já uns anos que não consigo ver 90 minutos seguidos. Se pensar em todos os campeonatos excepto no inglês e em alguns da Liga dos Cogumelos, a coisa imediatamente se auto-justifica. Nada a fazer, acho que nunca mais vou conseguir. Retirando esses, o futebol está cada vez mais chato. Mas a Premier League é fantástica: técnica, níveis de táctica dentro do razoável (nada a ver com o narcoléptico Calcio, por exemplo), jogadores que se transcendem todos os dias, ritmo infernal, estádios e equipamentos com pintarola, brincos proibidos.

Um dos motivos tem a ver com os comentários. Insuportável. Há muitos anos, quando a televisão digital ainda nem sequer me passava pela cabeça, imaginei um botão no telecomando que permitisse pura e simplesmente erradicar um dos maiores males do futebol moderno. Que não são os corruptos, os árbitros ou a falta de tecnologias ao serviço das leis do jogo. São os comentadores. Poder assistir a um Man Utd x Arsenal sem levar com um qualquer Perestrelo (paz à sua alma) era e é o meu sonho. Aliás, eu não penso noutra coisa. Um jogo apenas pontuado pelas reacções do público e pelo som das chuteiras no couro é tudo quanto desejo, o silêncio que se impõe à liturgia. Algo ao estilo daqueles segmentos No Comments da Euronews, que continuam a ser os melhores momentos da informação televisiva ("we believe in the intelligence of our viewers"). Imaginem (não é preciso, em tempos chegou a ser assim) um marmelo a explicar as músicas durante a transmissão de um concerto. Para mim vai dar ao mesmo.

16 de novembro de 2008

Serviço Público

Mais de dois-mil-2000 concertos e entrevistas; muito bom material.

Quem é amiguinho, quem é?...

14 de novembro de 2008

2009

A ver se consigo instalar-me com um saco-cama, almofada, uns livritos e uma garrafa de vinho, naquela janela.

8 de novembro de 2008

O livro das infracções capitais

Inteligência sem curiosidade é um intestino de malbaratos.

Curiosidade sem inteligência é um beco de imbecilidade.