Ainda pensei que o João Lopes tivesse feito um post sobre o silêncio (relativo) durante um jogo de futebol, mas afinal não. Explico: há já uns anos que não consigo ver 90 minutos seguidos. Se pensar em todos os campeonatos excepto no inglês e em alguns da Liga dos Cogumelos, a coisa imediatamente se auto-justifica. Nada a fazer, acho que nunca mais vou conseguir. Retirando esses, o futebol está cada vez mais chato. Mas a Premier League é fantástica: técnica, níveis de táctica dentro do razoável (nada a ver com o narcoléptico Calcio, por exemplo), jogadores que se transcendem todos os dias, ritmo infernal, estádios e equipamentos com pintarola, brincos proibidos.
Um dos motivos tem a ver com os comentários. Insuportável. Há muitos anos, quando a televisão digital ainda nem sequer me passava pela cabeça, imaginei um botão no telecomando que permitisse pura e simplesmente erradicar um dos maiores males do futebol moderno. Que não são os corruptos, os árbitros ou a falta de tecnologias ao serviço das leis do jogo. São os comentadores. Poder assistir a um Man Utd x Arsenal sem levar com um qualquer Perestrelo (paz à sua alma) era e é o meu sonho. Aliás, eu não penso noutra coisa. Um jogo apenas pontuado pelas reacções do público e pelo som das chuteiras no couro é tudo quanto desejo, o silêncio que se impõe à liturgia. Algo ao estilo daqueles segmentos No Comments da Euronews, que continuam a ser os melhores momentos da informação televisiva ("we believe in the intelligence of our viewers"). Imaginem (não é preciso, em tempos chegou a ser assim) um marmelo a explicar as músicas durante a transmissão de um concerto. Para mim vai dar ao mesmo.