( Ou: "Hey!, What's your sign?..." ) Abbas
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Por muito que isto irrite as cassandras do costume e sem pretender que tudo vai bem no melhor dos mundos possíveis, mesmo que a observação esteja sujeita aos humores de uma tarde bem passada, tenho a ideia de que nem tudo corre para a morte, nesta cidade. Uma certa espécie de bares (o conceito que vem substituir os antigos cafés, que pertencem realmente ao passado), galerias, lojas que não vendem mais do mesmo, requalificação de espaços públicos, recuperação de alguns quarteirões para habitação. Sem politiquices e agendas armadilhadas: já cá vi tudo muito mais condenado.
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Esqueci-me de que tinha trazido um recibo, preenchido à mão com duplicado por artes de uma folha de papel-químico. Falei da 'Fábrica e Armazém das Carmelitas', na rua delas.
Compraram-se uns aviões, mas pouco ou nada se ouviu sobre prevenção. Tendo em conta a tendência pirotécnica deste governo para celebrar qualquer meia-medida, o silêncio do MVPD (Ministério da Verdade e da Propaganda Descarada) é, como dizê-lo?, assustador.
2006/2007 foi a primeira época, desde que me lembro de gostar de bola, em que não consegui ver um único jogo do princípio ao fim. A maior parte das vezes por enfado. Nas restantes por influência do estranho fenómeno de certas ideias intrusivas: imagens e sons das circunferências de imprensa pré e pós-jogatina, entrevistas aos adeptos, o apito salgado, horas de peroranço sobre vida, obra e pensamento dos jogadores e da excitatória verve analítica do professor Seara. Tenho mantido algum interesse no topo da Premier League e em resumos mais ou menos alargados do FCP. No entanto, não estranhamente, consigo aguentar-me em qualquer acesa esgrima clubística, apesar de desconhecer mais de metade do actual plantel do dragão.
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Lennon: No more unscheduled public appearances. We've had enough. We're going to stay in our hotel except for concerts.
Press: Won't this make you feel like caged animals?
Podia ser outra coisa qualquer, mas são maços de cigarros. Representam o vício universal. Ainda são legais e muito fáceis de transportar, o que me deixa alguma margem para ser chato com os amigos mais vagabundos. Guardo os do meu mundo e os dos deles. Raramente os abro, embora às vezes tenha que experimentar um ou outro. Para respirar.
Descobri um prédio antigo no mesmo percurso de sempre. Ia jurar que o puseram lá anteontem. Um gajo distrai-se da vida e a cidade volta a crescer.
Enfim, drogaram os Simpsons e deixaram que o Homer conduzisse. Bonito serviço.
Re-conhecem-me-se. «Ainda estamos cá dentro, andamos sempre com ele.»
Here we go.
Em furiosa aproximação ao chip sub-cutâneo.
A "protecção dos públicos mais jovens" é uma excelente desculpa, boa como outra qualquer. Por mim até podiam justificar a medida com um oficial «porque sim» (dar-me-ia mais gozo, confesso; tendo em conta o argumentário pela defesa do atavismo circense).
Chegará o dia em que cairá de podre o espectáculo medieval, com toda a pirosice que o orbita, sem que grande espalhafato se gere.
Até lá, continuo incondicionalmente a sair-me pelo touro. Olé.
Estou muito desiludido, e não é pela confrangedora autocensura. É que por este andar os tipos vão durar mais uns bons 20 anos, e com jeitinho os pulmões do Richards ainda entrarão no banco de transplantes. Até lá, a música continua maioritariamente chata, como sempre. O que é que sobra?
PS: Prometo não voltar a fazer piadolas sobre os Stones. Eu próprio já não tenho pachorra.
Kierikkikangas: a chuinga da criação.
Ao sétimo dia, há seis mil anos, ainda absorto pelo esforço e a léguas de que tudo iria correr muito mal, apercebeu-se finalmente de que a chuinga já não tinha sabor, mais parecendo um pedaço de borracha sem Graça. E cuspiu-A; em Kierikkikangas.
[img] Milo Manara
5 Misérias = 1 Ninharia
10 Ninharias = 1 Dinheiro
1000 Dinheiros = 1 Balúrdio
20 Balúrdios = 1 Enormidade
10 Enormidades = 1 Escândalo
Arconte cúmplice: J.BD
International Small Arms Traffic Blues | The Mountain Goats
My love is like a powder keg
My love is like a powder keg in the corner of an empty warehouse
Somewhere just outside of town
About to burn down
My love is like a Cuban plane
My love is like a Cuban plane flying from Havana
Up the Florida coast to the 'Glades
Soviet made
Our love is like the border between Greece and Albania
Our love is like the border between Greece and Albania
Trucks loaded down with weapons
Crossing over every night
Moon yellow and bright
There is a shortage in the blood supply
But there is no shortage of blood
The way I feel about you baby can't explain it
You got the best of my love
'Activistas destroem um hectare de milho transgénico em Silves'
A acção foi promovida pela associação ambientalista Verde Eufémia, tendo contado com a adesão de alguma população local e agricultores biológicos que discordam dos OGM. [Público]
O jornalista, como habitualmente, a fazer um servicinho subreptício às eufémias: "alguma população local e agricultores biológicos que discordam dos OGM" não diz nada; apenas pretende alargar a acção para fora do clube do djambé. Quanta população local? Quantos agricultores biológicos? Os jornalistas, de uma forma esmagadora, não só pactuam papagueando o que lhes é entregue pelos nossos novos senhores sem sentirem qualquer necessidade de verificação (que até poderia des-espectacularizar a notícia), como apresentam descaradamente uma marcada deriva ideológica, a nível individual e corporativo, que se apodera da informação produzida.
O hectare de milho destruído, dizem, foi apenas o "dano colateral" de uma acção destinada a lançar o alerta. Mas que assinala uma nova forma de combate ecológico, ainda inexistente em Portugal mas já praticada lá fora. [DN]
Apenas o dano colateral. É bonito ver argumentos mais associados a outros imperialismos na boca da sacristia bloquista. O proprietário da Herdade da Lameira, o senhor João Menezes, discorda. Parece que para ele, para a família dele, para os que trabalham com ele e para as famílias dos que trabalham com ele o dano foi absolutamente central. Não falando do país em que estas coisas acontecem sem consequências imediatas: o dano é central, profundo, estrutural.
Em causa nesta acção está o que os activistas do recém criado movimento consideram ser a "salvaguarda do direito a um ambiente saudável". E a destruição de 2% do campo da Herdade da Lameira uma forma de "estabelecer a ordem ecológica, moral e democrática que tem sido deteriorada pelas políticas europeias e do Governo", explicou ao DN Gualter Baptista, porta-voz da acção. [DN]
Qual é a diferença entre este crime e a vandalização de um carro ou de uma casa, enfim, de qualquer propriedade pública ou privada? Não teria sido possível prender os peter pans ideológicos no momento? Bastariam 10 ou 15 GNRs (provavelmente aqueles que lá estavam), que eles nem cara têm para levar dois estalos.
A auto-atribuída superioridade moral dos zelotas seria a maior imbecilidade desta e de outras histórias, se a maior imbecilidade não fosse o facto de lha confirmarmos com o nosso assobio para o ar. Como escreveu em tempos Alain Minc, "vocês são o nosso contrapoder, mas nós não nos atrevemos a ser o vosso".
Para grande pesadelo do socport é muito mais difícil, na realidade, ao Departamento de Arquivos do Ministério da Verdade, a bela arte da prestidigitação do que o era para Winston Smith e colegas. Ao invés dos longos tubos em que circulavam documentos facilmente editáveis sem aparente mácula de tramóia, 2007 não é 1984 e quase todos têm pelo menos um olho na mula. A resistência faz-se, como sempre, pela luta entre a acessibilidade generalizada e o controlo da informação, mas agora cada computador é um potencial jornal na clandestinidade. Eles que aprendam com o Hugo Chávez.