Um missionário pode ser uma espécie de egoísta [des]compensado.
31 de julho de 2009
30 de julho de 2009
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Saiu outra vez, e quando voltou despejou para o chão dois grandes sacos de supermercado onde trazia meia dúzia de brinquedos para eles se entreterem, uma dúzia de latas de comida para gatos, um grande saco de areia para gatos e um tabuleiro de plástico para a areia, dois pratos de plástico para a comida e duas tijelas de plástico para a água.
«Está aí tudo o que precisa», disse. «São uma beleza. Olhe só para eles. Vão dar-lhe muito prazer.»
Fez e disse tudo isto com um ar muito sério, e eu não consegui dizer mais do que: «É muita gentileza sua, Larry.»
«Como é que lhes vai chamar?»
«A e B»
P.Roth (Exit Ghost)
29 de julho de 2009
28 de julho de 2009
Cosmopolis
Cronenberg vai filmar baseado em DeLillo. Gosto tanto dos dois (dos três, contando com o livro) que nem sei que diga ou escreva. As experiências em cinema com os papiros do Roth, por exemplo, não foram propriamente excitantes; mas também nenhuma teve um Cronemberg no lugar de deus - longe disso. Seja como for, muito perigoso.
26 de julho de 2009
22 de julho de 2009
Não há nada que não lhes aconteça
21 de julho de 2009
18 de julho de 2009
1959
Magnífico fim de tarde no arranque do Jazz No Parque 2009. O enquadramento é do melhor, já o conhecem. Árvores e árvores. Apetece que estas sessões cresçam e possam transformar-se num verdadeiro festival de jazz. Hoje, com a luz e as sombras a passearem-se pelo 'ténis' de Serralves, um grupo de luxo. Avishai Cohen (vénias sucessivas), Ben Van Gelder, Jesús Santandreu, Abe Rábade, Carlos Barreto e Mário Barreiros; sob forma de projecto (Kind Steps), em tributo a 1959, ano maior do maior jazz de sempre. Segundo Mário Barreiros, o grupo segue imediatamente para estúdio, com aquelas revisitações de Miles, Coltrane, Mingus, Adderley, Coleman e Ellington no bolso. Estava a pensar que é uma pena a edição não ser da Winter & Winter. Seria feita ali e incluiria o som das folhas vindo de cima, dos putos ao fundo a escrever na terra e 2 ou 3 aviões em rota para o aeroporto, como os risinhos em Au Bordel ou as taças de vinho na Praça de S. Marcos em Wagner e Veneza. Os puristas podem achar que isso já são coisas a mais, mas faz tudo sentido. O Jazz No Parque recomenda-se muito.
16 de julho de 2009
15 de julho de 2009
Do ponto de vista deste utilizador
Só li as primeiras edições impressas, mas as restantes não andarão muito longe disto. Caso contrário tudo não passaria de uma palermice obscura, por oposição à explícita. O irrelevante online é, mais coisa menos coisa, uma bem embalada sucessão de factos diversos. Uma espécie de Correio da Manhã soft-core estilizado, sem a costela da indignação populista. Não deixo de lá ir espreitar, diariamente; mas não saio mais informado, muito menos com qualquer resquício de inquietação. E pronto, isto é o pior que me ocorre, esta espécie de bocejo preguiçoso. Obrigado por quase nada.
13 de julho de 2009
O que resta do animal moribundo
O melhor e mais rothiano de Elegy (Isabel Coixet, 2008) é a crueza por vezes quase hiper-realista dos corpos, mãos e rostos, rugas, veias, acidentes.
12 de julho de 2009
arf, arf...
Faltam quatrocentas e trinta horas e um concerto dos Eagles para entrar nas mais merecidas férias, desde que estas coisas se registam, há 5510 anos e meia dúzia de dias.
10 de julho de 2009
Não estava a conseguir pensar em mais nada, mas agora vou dormir descansado.
9 de julho de 2009
Crónicas G8
E como terá acontecido, a inflexão russa? O Pathos, sempre bem colocado nas mais altas quadrangulaturas, teve acesso à conversa entre Berlusconni e Medvedev (ler com a imagem mental de muito esbracejamento e longas, esguias pernas a passar por trás dos personagens, as cabeças deles ao nível dos joelhos delas, eles sentados a conversar, elas a passear-se com tabuleiros de uvas sem grainhas ou lá como se chamam as cenas que as uvas têm lá dentro):
- Ó Med, não sejas um perfeito imbecil, já basta não passares de um fantoccio do outro. Essa mania de que à Rússia ninguém diz o que fazer, às vezes põe-vos ceguinhos como um calhau de córnea tresloucada. Reduções de 80% nas emissões até 2050 é completamente irreal. Vê lá se capiscas: é a maior anedota a seguir à ideia de que os nossos 2 países são estados de Direito. É daquelas stupidagginis que se lançam para justificar o presente - aquilo não tem absolutamente nada a ver com o futuro. E daqui por 40 anos nenhum de vós os 7 estará vivo, sequer. Quanto a mim, cá me aguentarei com as críticas, como sempre. Victoria, chega aqui abaixo, querida; conversa aqui com este senhor. Ciao.
Entretanto, Barack aprimorava os biceps da coolness.
[img] Callie Shell
7 de julho de 2009
With Octopus
Julho é um bom mês, como qualquer outro diga-se, para assumirem a empreitada de tentar fazer-me feliz. Assim sendo podem organizar-se numa vaquinha e oferecer-me este caco, que eu deixo. É um 'Terracotta stirrup jar with octopus' bestial, dos mais giros 'Terracotta stirrup jar with octopus' que tenho visto. Não passa de uma velharia com pinta cá para a sala. Vem de 1200–1100 A.C., idade do bronze na Grécia Antiga, portanto. Pelo que não se adivinha grande estouro orçamental. Desde jás muntóbrigados.
6 de julho de 2009
manutenção da mielina neuronal
Vénias a Jack White (encarnação Raconteurs), aos Russian Circles (power-prog-rock-whatever, mas sem as letras ridículas habituais), à cover de Where Is My Mind que os Placebo fizeram (trágico, lindo), ao Mahna Mahna Cake's flavour, à Boeing (pelo nome mais onomatopeicamente hilariante da história da aviação e pelas asas do 787 ), ao assustador que hoje me descobriu um lugar impossível de detectar a olho sóbrio, aos inventores das micas e da Gilette Power e ao novo pavimento da avenida, apesar do caos recente.
5 de julho de 2009
Shitv
Com esta torrente de concursos palermas em horário nobre, as televisões generalistas voltaram à imbecilidade oca...gueime. Tudo se perde, nada se transforma.
3 de julho de 2009
Zeitgeist
Não tem havido pathos na polis: o mundo está a correr bem e o tesouro do rei continua guardado.