Se é assim a todos os níveis, principalmente entre as pessoas...
Se é assim a todos os níveis, principalmente entre as pessoas...
Se formos bem sucedidos a evitar o... impacto que a Moura Guedes sempre causa, podemos espreitar aquilo que deve constituir o esqueleto de uma investigação. Que a polícia inglesa prossegue, e para a qual a portuguesa parece recusar-se a contribuir (bruxo!).
Imaginemos que os ingleses intimam Sócrates e tal. Portugal passa a ter um PM arguido em Inglaterra, suspeito de ter sido corrompido para a aprovação de um projecto, enquanto ministro da nação?
Mas aquilo em que eu fiquei mesmo a matutar foi: os gajos do vídeo juntaram-se e inventaram a história toda? Ou achavam que aquilo foi assim, como dizem que foi, mas não foi nada?
O mundo está a correr mesmo mal. Antigamente ainda se podia desabafar e atirar coisas sobre imigrar e tal. Agora o desabafo terá de incluir os planetas para cá da cintura de asteróides (os outros são gasosos).
Volta e meia apetecem-me o Psicopátria ou Os Homens Não Se Querem Bonitos. E esbarro contra os vinis, por não ter prato à espera deles. E arrependo-me de ainda não os ter arranjado em CD, de onde nasce uma 847ª nota mental, porque estes supostamente sei sempre que quero e portanto não é preciso escrever.
Psicopátria é o estremecimento da inteligência, da omnipotência púbere, dos jogos de palavras, esse sofisticado mecanismo de legítima defesa.
Avelino Ferreira Torres foi absolvido em tribunal de todas as acusações
(Vale a pena ler a notícia toda.
No Jornal da Noite, a Sic analisa o penalty em realidade virtual.
Realidade virtual.)
Na Letónia, o desemprego pode chegar aos 50% da população activa. Grande parte das economias de Leste (muitas UE) está prestes a rebentar. A Comissão Europeia apela aos seus países para se dedicarem no ataque à crise (o que deixa perceber que, no máximo, estarão apenas a defender-se dela). Obama passa a vida a explicar o seu plano, tantas quantos os ataques que algumas sumidades lhe fazem (ao plano).
Portugal tenta sobreviver à sua crise privada desde... sempre. Para sobreviver à actual, rejeita liminarmente investimentos que mereceriam, pelo menos, maior reflexão; boicota a criação de empregos na energia eólica e outras renováveis em Trás-os-Montes (ao boicotar o desenvolvimento das mesmas); não tem dois dedos, quanto mais uma mão inteira que incomode a vergonhosa e generalizada corrupção autárquica (primeira grande linha do governo social, se não a mais importante). O Banco de Portugal é um pato sentado a ver cenas mirabolantes passarem-lhe debaixo do bico. O único partido que faz alguma oposição é um adolescente. O primeiro-ministro trata os cidadãos como atrasados mentais. Os atrasados mentais não páram de discutir um penalty do Sporting-Benfica.
Chegou o José Eduardo dos Santos, senhor de um feudo de almas mortas pelo lixo e pelo luxo, tudo a céu aberto. Começou também o habitual sing-along das indignações. Puta que pariu. Indignem-se todos os dias: Portugal consegue ser mais escandaloso. Em plena Europa, sem petróleo nem diamantes e em democracia desde 74, conseguimos níveis de corrupção, estupidez e subdesenvolvimento muito competitivos. Se tivéssemos o subsolo a borbulhar matérias primas, também já tínhamos morrido de tudo e mais alguma coisa. Foi uma sorte, termos tido azar. É essa a grande diferença: aqui há muito pouco para roubar.
A virtude dos religiosos era tal que até os animais selvagens se submetiam ao seu poder. Quando um eremita se encontrava próximo da morte, um leão vinha abrir-lhe uma cova com as suas próprias garras. (...) Pafnúcio respeitava os mais rigorosos jejuns e ficava por vezes três dias inteiros sem ingerir qualquer alimento. Além disso, usava um cilício de pêlo extremamente áspero, flagelava-se noite e dia e mantinha-se muitas vezes prostrado com a fronte sobre a terra. (...) Assim, ajoelhado na sua cela diante do simulacro desse madeiro salutar onde foi pendurado, como numa balança, o resgate do mundo, Pafnúcio deu por si a lembrar-se de ThaÏs, porque ThaÏs era o seu pecado, e meditou longamente segundo as regras do ascetismo, na fealdade monstruosa das delícias carnais para as quais essa mulher o havia despertado, nos dias de ignorância e de perturbação. (...) - Irmão Palomão, irei a Alexandria ter com essa mulher e, com o auxílio de Deus, convertê-la-ei. Tal é o meu desígnio; não o aprovas, meu irmão? - Irmão Pafnúcio, não passo de um infeliz pecador, mas o nosso pai António tinha por hábito dizer: «Estejas em que lugar estiveres, não tenhas pressa de sair em direcção a outros lugares.» (...) Uma grande agitação tomava conta do seu espírito. «Este eremita», pensava ele, «é um bom conselheiro; está nele o espírito da prudência. E ele duvida da sensatez do meu desígnio. Porém, afigura-se-me cruel deixar que ThaÏs se mantenha durante mais tempo presa no demónio que a possui. Que Deus me ilumine e me conduza!»
(...) "
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Anatole France (ThaÏs, 1890)
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