Pelo menos alguma da história do PSD sintetiza bem uma parte substancial da condição lusitana: a táctica ao serviço da ganância, o arrivismo, a fulanização, a intriga, o estado ao serviço dos interesses pessoais. Pelo meio de pão, circo e obras de regime.
A fase actual do bando é o registo pós-apocalíptico, a imprevisibilidade como território em que os mais impacientes e, até no oportunismo, incompetentes tentam fazer pela vida; pondo a nu toda uma inenarrável falta de sofisticação, motivo pelo qual em condições normais não teriam hipótese de cheirar o grande poder, que geralmente é filho de puta mais fina. A coisa está tão escancarada que nem se preocupam em simular algum embaraço, contribuindo ainda mais para a estupidificação geral, que aliás pretendem e que os protege. A maior parte daqueles que poderiam assumir a defesa de um grau mínimo de decência intelectual já nem sequer se manifesta. Os populistas saltam dos seus feudos raquíticos e, para o fazerem, precisam de fomentar o nível do pensamento mais básico e linear, sob o manto de um ataque à arrogância das elites.
Às vezes apetece-me começar aos berros: esta cambada de mafiosos é estúpida, boçal e desonesta. São tão ridículos que têm ridículo escrito na testa. Corram-nos a pontapé sempre que puderem, contribuindo assim para elevar o nível geral da contra-argumentação.
|img| Eric Drooker > Cliff Dwellers