O dia das mentiras não faz sentido nenhum. Nunca fez, muito menos em 2009. E não é pela infantilidade da coisa nem pela falta de pachorra para a infantilidade da coisa - um gajo tem de aturar estas merdas, como atura o Carnaval e às vezes o José Rodrigues dos Santos. O pessoal do 1º de Abril também tem de aturar a minha cara de alicate entediado. É que, desde o sapiens neanderthalensis, o dia das mentiras como momento extra-ordinário faz tanto sentido como o dia do oxigénio.
Proponho, portanto, o dia das verdades. Celebra-se a coisa com uma extravagância qualquer, como "a maior parte das vezes não dizes nada de jeito e ando há 3 meses a tomar cafés contigo porque tenho uma vaga esperança de te saltar prá espinha apesar de não seres nenhum avião". Ou "senhor engenheiro, as pessoas têm a certeza de que lhe falta tanto carácter a si como dinheiro a elas, mas a oposição é assustadora e portanto vamos ganhar outra vez, e essa é a única razão". Ou "se cheirar mal fui eu".
Uma espécie de suspensão higiénica do princípio da realidade. Imprimatur?