" A loura Inge, Ingeborg Holm, a filha do Doutor Holm, que vivia perto do mercado, onde, ao alto, graciosa e de aspecto sempre variável, ficava a fonte gótica, era quem Tonio Kröger amava aos 16 anos. (...)
Ela devia vir! Ela devia reparar na ausência dele, devia sentir como ele se sentia, devia-o seguir secretamente, mesmo que fosse só por caridade, pôr-lhe a mão no ombro e dizer: Vem lá para dentro, para junto de nós, alegra-te, eu amo-te. E ele escutou atrás de si e esperou numa angústia pouco razoável que ela viesse. Mas ela não vinha. Tais coisas não aconteciam sobre a Terra. (...)
O coração de Tonio Kröger encolheu-se com este pensamento. Sentir como é maravilhoso que forças vivas e melancólicas se agitem em nós e saber que aqueles a quem queremos nos enfrentam alegremente inacessíveis, isso dói. "
Thomas Mann (Tonio Kröger, 1903)