31 de janeiro de 2009
29 de janeiro de 2009
Retirada Estratégica
Foi-se o imbecil do W., uma porrada de tubarões da economia e das finanças viu o negócio colapsar em cima das secretárias (as de madeira) e milhares de empresas, pelo mundo fora, aproveitam a maré para desistir, antes de fazerem merda ou de que a que já fizeram comece a feder. Vão deslocalizar e refiná-la. Parece uma espécie de limpeza geral, mas é só uma camada da cebola (na melhor das hipóteses) ou uma varredela para baixo do tapete. O pior de tudo é a velha inevitabilidade dos bebés - eu, tu ele, nós e vós - arrastados pela água do banho. Não é nada provável que mais do que uma pequena parte da filhadaputice seja condenada, mas muitos milhões, um pouco por toda a parte, já o estão. Ao desemprego, à degradação do nível de vida, à degradação dos meios envolventes, à criminalidade e a padrões genericamente inferiores, em todos os indicadores de bem-estar.
Portugal adaptou-se logo à situação: o primeiro-ministro já é suspeito, em Londres, de crime(s) de corrupção. Depois de 35 anos a desperdiçar milhões de almas, a confirmar-se, seria a cereja em cima dos tolos.
O mundo devia fechar para obras. Portugal devia aproveitar para um reset.
27 de janeiro de 2009
26 de janeiro de 2009
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Já não tinha férias, nem dinheiro, garantiu o papagaio e também não percebia...
«Mete baixa» - aconselhou o rabino. «Vai à boleia, que fica barato.»
Amargurado, foi. Voltou. O rabino disse-lhe: «A lua que mergulha no poço, que banha as macieiras, num jardim insondável do oriente...» Num murmúrio, o papagaio assegurou que decerto o mundo era sacrifício e dor.
«As maçãs eram gostosas?» - perguntou o rabino.
«Nem por isso.»
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José Alberto Oliveira (Bestiário)
25 de janeiro de 2009
vickycristinabarcelona
22 de janeiro de 2009
Meditação na Papelaria *
Altamente concentrado num par de horas com vadiagem pela frente, meti-me numa papelaria do Bom Sucesso que é um atentado aos esquemas mentais de racionalidade e auto-contenção mais desenvolvidos. Pode perfeitamente gastar-se uma pipa de massa e, mesmo assim, a absolvição vem ao encontro do pecador, de forma quase instantânea e com uma adequação intelectual arrepiante. Não preciso destes cadernos, não preciso destas canetas, o Moleskine ainda vai a meio. Mas vou acabar por precisar, tão certo como morrermos todos, daqui a não sei quantas agendas. E depois se calhar já não apanho cá destes. É melhor levar. Antes isso do que a frustração futura ou, pior, o simples esquecimento daquelas canetas vestidas de lápis. Uma desgraça. Vendo cenas de papelaria.
* Close, but no cigar... :-)
21 de janeiro de 2009
"Guantanamo por Rogeiro"
Um susto. Quando vi este rodapé na SIC-N, pensei logo que o Barak tinha adoptado métodos guerrilheiros de negociação ao primeiro dia, entreguem-nos isto que nós permitiremos aquilo. Tu queres ver que a Palin tinha razão?
Afinal era um anúncio ao comentário especializado.
20 de janeiro de 2009
19 de janeiro de 2009
procura-se: tempo
ameno, infernal, regular de batidas fortes, motores a 4 tempos, o momento do verbo, bons tempos.
17 de janeiro de 2009
16 de janeiro de 2009
15 de janeiro de 2009
14 de janeiro de 2009
13 de janeiro de 2009
O vento cá dentro
É preciso muito cuidado com as alminhas. Não é possível defender a alma com a antecipação, atacando à defesa. A única hipótese é amanhá-la desde sempre, revolvendo-a e fertilizando-a esperando que chova alguma coisa, todos os dias, depois de vez em quando. Especial devoção às raízes e aos galhos-pseudópodes para fora da alma.
11 de janeiro de 2009
Cadernos do Subterrâneo
Podem achar que é flor de estufice, mas as nuvens e o frio e o resto que está a estorvar o sol, já podiam ir andando. É preciso recarregar de fotões, um gajo não sobrevive só a fruta biológica. O Rooks está a ajudar, mas não faz milagres.
8 de janeiro de 2009
A paixão pela verdade
Movido pela estranheza que a campanha Atheist Bus, em alguns autocarros ingleses, me provocou, cheguei ao site da British Humanist Association, a promotora. Para ser recebido com a mensagem do vice-presidente: "I Care passionately about the truth because it's a beautiful thing and enables us to live a better life." Momento vamos inventar uma religião da semana.
7 de janeiro de 2009
Multidões de um (a dividir por um)
O modelo telenovelista impõe-se em todos os quadrantes, todos os dias, e cada vez se exigem estratégias menos rebuscadas para aderir aos enlatados. Anos e anos de Rede Globo e TVI em cima de mais anos e anos de ensino alérgico ao pensamento crítico servem agora para poupar em elaborados planos de condicionamento. Bastam algumas palavras-chave para que, de certezinha, o efeito não se afaste muito do pretendido. Adenda: a coisa está tão instalada que os próprios agentes do condicionamento são disso inocentes, porque também eles têm as mesmas referências. Quase não há maquiavelismo. O sistema alimenta-se a si próprio e tudo decorre com normalidade no melhor dos mundos possíveis. Não se trata de novilíngua, nunca tivemos outra.
Esmeralda / Ana Filipa tem "pais afectivos" e um "pai biológico". Sabe-se, pelas novelas, que as pessoas são uni ou, quanto muito, bidimensionais. Nunca têm 3 dimensões, que isso é realidade a mais e dificulta a clivagem. Logo, o humilde e abnegado casal de acolhimento é a pura representação antropomorfizada do afecto. O "pai biológico" é o símbolo do esperma irresponsável que se rege pelo princípio do prazer e agora vem roubar a menina ao colo dos seus verdadeiros donos: o povo. Ponto. Não queremos saber mais nada. Está ali o branco. Acolá o preto.
Em cima dos qualificativos "biológico" e "afectivo" florescem enredo, emoções, atenção, teledrama. E o povo exige, literalmente, que a justiça seja cega. Aos cinzentos.
6 de janeiro de 2009
O Macroscópio
Depois das Memórias Póstumas de Brás Cubas, d'O Galo de Ouro e da Rayuella fiquei numa fadiga que nem me conto. Vou contar. Vai-me faltando a imprescindível disponibilidade para o aborrecimento que uma série destas reclama (o tal ennui é maravilhoso, nos tempos certos). Tinha guardado quase metade das Origens do Totalitarismo, no caso de ter que dar de beber ao cínico. Há fases assim. Doses de realidade macroscópica precisam-se. Os mundos de dentro são poços sem fundo e um gajo às vezes tem direito às vertigens. Numa janela da ISS é que se deve estar bem.
5 de janeiro de 2009
Caras Millennium
Quer-me parecer que a Bárbara Guimarães já tem 40 anos praí há 20. Trata-se de uma estratégia revolucionária para contornar o impacto do amadurecimento: poder de antecipação. Mas, e agora? Sugere-se, talvez, MILF aos vinte e tal, lolita aos 50. Aguardemos com afã.
(posta destinada a dar um boost às estatísticas do blogue, com a infalível conjunção BG+MILF+lolita+afã+Millennium)
[IMG] Milo Manara
2 de janeiro de 2009
Espaço-tempo
Neste ano, o que realmente me interessa é conseguir algum tempo para nada de jeito. Resgatar tempo de jogo. Poder olhar e ver, olhar sem ver, incluindo comboios a dois metros de distância; planear impossíveis e meter-me a fundo em coisas nunca planeadas, nem por sombras. Rondar o improvável. Tempo de tédio, tempo vazio. Espaço cá dentro.