21 de setembro de 2008

McGaffe

Quando McCain meteu os pés pelas mãos, na entrevista em que deu a entender que poderia muito bem não receber o Zapatero - como se este se tratasse de um zapatista presidente de uma daquelas manchas vermelhas da zona-sul - começou a perceber-se claramente o quão perigoso é o homem. Não pelo facto de colocar a hipótese de abrir uma crise institucional com um país membro da Nato (um aliado) e da UE - a realpolitik corrige essas coisas -, nem sequer pela evidência de desconhecer o nome do político mais importante de um dos países mais influentes do mundo. McCain revelou toda a sua perigosidade ao agarrar-se, firme e hirto, à primeira resposta que deu, claramente por ignorância e alguma distracção, independentemente das consequências. O W., ao menos, põe-se a sapatear e a emitir sons esquisitos.

A curiosidade será tentar perceber, a partir de agora, como é que adversários, jornalistas e opinion-makers reagirão a tudo isto: explorando ou analisando a gravidade de uma crise anunciada com Espanha (o que pressupõe todos fazerem de conta que era mesmo aquilo que ele queria dizer) ou explorando as questões de carácter do homem (o que pressupõe uma abordagem mais agressiva, recusando-se embarcar em aldrabices, ilusionismos e inter-ditos).

Entretanto, daqui até Novembro espera-se uma intensificação dos atentados,  no médio oriente ou mesmo noutros locais habitualmente mais temperados (onde a identificação à cultura ocidental seja mais óbvia). A violência e a frequência desses atentados será proporcional à vantagem de Obama nas principais sondagens da corrida presidencial, que não serve aos fanáticos, nem aos da América nem aos do médio oriente.