27 de setembro de 2008

Debate

O primeiro Obama-McCain, aguardado com enorme expectativa, pariu dois ratos. Um debate, principalmente nos EUA, é um duelo de personalidades. Nem isso: é uma batalha de personagens, o momento da cristalização de estereótipos, em que se perscrutam poses, linguagem não-verbal, gaffes e pouco mais; numa assunção velada da busca, no acto-falho, de algo mais verdadeiro. O resto já se conhece à exaustão, não gastassem milhões de dinheiros a promover o que querem que os eleitores pensem que eles e os adversários pensam.

Do debate de ontem, por exemplo, os jornalistas retiraram essencialmente o facto de McCain ter repetido vezes sem conta, sobre as ideias do adversário quanto a política externa, que ele não estava a perceber, que ele não conseguia atingir; assim como deram imenso destaque ao facto de Obama ter referido, uma dúzia de vezes, que o John tinha razão sobre isto ou aquilo. 

O excesso de exposição mediática acaba sempre por estupidificar, porque a televisão (principalmente) não contempla grande articulação do pensamento. Estes debates americanos - apesar das melhorias introduzidas no formato, que proporcionaram maior liberdade de acção - são sofisticados duelos de gladiadores maquilhados. O conteúdo segue, mais ou menos, dentro de momentos.