A net veio, como se sabe, aproximar o mais anónimo cidadão das grandes reflexões sobre o mundo e o ser-se, catapultando-o para uma imensa ágora global. Há já muito que a possibilidade de opinar se baseia num duplo sentido, entre os clássicos colunistas/paineleiros e aqueles que, veio a saber-se, do lado de cá sempre se interessaram em pensar pela própria cabeça: se Sim, se Não, se Tal. A maior parte da media, diga-se em abono da verdade, reconhece e aproveita a mais-valia. O Correio Da Manhã, por exemplo, em ininterruptas demonstrações de valorização daquilo que os seus leitores acham ou deixam de achar, pergunta-lhes online se "o novo namoro de Cristiano Ronaldo é para valer" e se os "jogos olímpicos podem criar crise na família real inglesa". Antigamente limitavam-se a informar-nos se o corpo de redacção pensava coiso e tal e coiso; hoje em dia podemos todos achar se tal ou se coiso. Se tivermos a mania da complexidade e da contradição e acharmos que coiso e tal e coiso... abrimos um blogue. O Correio da Manhã faz o que pode e a mais não é obrigado.