John Cassavetes, 1959. Com uma daquelas bandas sonoras que transportam imediatamente para a New York pulsante de jazz, ora melancólico ora funkalhado, fumo e relações sociais, improvisa encontros e vidas em loop constante e introduz de forma directa o tema do preconceito racial como elemento entranhado, preponderante e organizador. Boy meets girl e vice-versa: o enamoramento e o choque, para ele, da descoberta das origens étnicas dela, que a pele quase não deixava perceber; concomitante ao choque, para ela, da descoberta das molduras com que as pessoas se reconhecem no mundo, ao preço de negarem o reconhecimento do Outro. Imagino que tenha sido um abanão, na altura; provavelmente restringido aos circuitos mais vanguardistas.