Questionado por um jornalista do influente Komsomolskaia Pravda momentos antes de abandonar Moscovo, Vladímir Vladímirovitch Putin assegurou que, apesar do protocolo e de não pretender ferir susceptibilidades, não evitará confrontar José Sócrates e Cavaco Silva com a sua preocupação relativa aos abusos de autoridade, da prisão preventiva e das escutas telefónicas, assim como aos elevados índices de pobreza, à delicada questão da inflexibilidade do estado português quanto à autodeterminação da Madeira e a um inconcebível silenciamento do mirandês como dialecto de pleno direito, apesar da lei que o reconhece. A propósito dos rumores sobre tráfico de influências, concentração de poderes e de uma suposta progressão imparável do nepotismo, Putin respondeu com um sorriso reprovador e encolher de ombros imperceptível, como quem assume resignado que, enfim, isso seria já entendido como ingerência insustentável, apesar do incómodo que o tema lhe causa. Sublinhou ainda que, mesmo assim, a Federação Russa tentará reforçar com Portugal a cooperação ao nível energético, remetendo os jornalistas para uma pesquisa aprofundada sobre o parque eólico da Serra do Marão.