25 de setembro de 2007

O Ahmadinejad está a falar a sério

quando afirma que não existem homossexuais no Irão. Do ponto de vista daquilo a que poderíamos chamar «o grande ego observador», uma espécie de instância grupal que indaga, põe em causa, tenta compreender, interpreta o que se passa à volta e no seu interior, não existem homossexuais. No Irão. Suponho que substituir «homossexuais» por «homossexualidade» daria no mesmo. Em primeiro lugar, logo muito (demasiado) em concreto, a homossexualidade é punida com uma condenação à morte. Depois basta olhar: numa parte do mundo onde o certo e o errado estão assim definidos e escrutinados, como poderia? Onde é tão óbvio o receio (ou medo?) que o feminino provoca - resolvido com a anulação, invisibilidade e segregação da mulher - não há lugar para a ideia da homossexualidade, pelo menos da masculina (sim, que elas são capazes de tudo!). Seria demasiadamente perigoso, ponderar sequer a hipótese e depois olhar em redor, naquela zona da mesquita ou nas boquilhas da chicha e não encontrar uma, sequer, para aliviar a angústia. E se...? Nã!

[img] Misha Gordin