Todos os dias aparecem velhos e novos alienados nas mesmas paragens de autocarro. Chegam, olham, pedem cigarros, perguntam as horas. É nas horas que espantam. Ninguém parece dar-lhes as horas sem uma certa desconfiança. Para que quererão eles as horas? O que farão àquelas horas? Na melhor das hipóteses têm um passado tão esmagador que é lá que vivem e a perspectiva futura termina agora, pelo que não terão de estar em lado nenhum dali a nada.
Raramente lhes negam as horas e os minutos, às vezes chegam a dar-lhes os dias. Pedir o ano é que já pode ser assustador, meio caminho andado para o silêncio de quem se confronta com tamanha falência da razão. E arriscado: não se pergunta o ano a quem nem pensa nisso e se calhar também não se lembra, o que o colocaria mais próximo de quem lho pede. Mas as horas são mais fáceis de dar do que uns cêntimos. Não deixa de ser estranho. Os alienados da pólis perderam o tempo há que tempos, não serão actualizações destas a arrancar-lhes a pedra da loucura.
Misturámos tudo. As horas não são o tempo, apenas uma fraca aproximação, um recurso de estilo, a grande capitulação na arte de seduzir, um assalto. Pedem as horas porque não conseguem lembrar-se de outras formas para roubar aquele tempo.
31 de julho de 2007
30 de julho de 2007
PIC
A «comunidade internacional» é uma personagem muito esquisita. Ao abrigo do Plano Indicativo de Cooperação, a ajuda que Portugal dará a Angola para os seus objectivos de, no dizer do secretário de estado dos negócios estrangeiros e da cooperação, "progresso económico e bem-estar dos angolanos" aumentou em 20 milhões de euros, perfazendo 65 milhões ao longo dos próximos 3 anos. Se a ideia que preside à ajuda for realmente aquela, então é provável que abra, daqui a 3 anos em Luanda, o primeiro museu e centro de estudos para o nepotismo, cleptocracia, corrupção, plutocracia, oligarquia e para a corporocracia. Não percebo por que falam eles de "educação, saúde e agricultura".
27 de julho de 2007
Obrigado
a todos os que saudaram, aqui e por mail, o meu regresso à blogosfera. Andava cheio de vontade. Daqui a uns dias vou de férias. As obras necessárias para um gajo iniciar um blog deixam qualquer pessoa de rastos.
26 de julho de 2007
25 de julho de 2007
Ritos de Iniciação
Agora há que recordar códigos html e desfibrilar aquela parte do cérebro que bloga.
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