O Irão está literalmente rodeado por países comprometidos com os Estados Unidos, politica, economica e militarmente. A quase totalidade do seu perímetro é, na verdade, militarmente controlada pelos EUA, que percorreram meio mundo para assegurar interesses relacionados com a produção de energia, da qual dependem como ninguém. Apesar deste cenário, quase auto-evidente, fala-se da necessidade de implementar ou reforçar sanções contra o Irão pelo desenvolvimento de um programa nuclear, colocando-se mesmo a hipótese de ataques preventivos. O sistema democrático e regulado dos EU não resolve o dilema moral a seu favor, porque está visto que tal não os impediu de forçar a invasão do Iraque, por exemplo, enganando quem se predispôs a deixar-se enganar.
Sou ocidental, identifico-me totalmente com o lado de cá dos direitos, deveres e garantias, principalmente no que à autodeterminação individual diz respeito (apesar dos insistentes retrocessos também nessa área). Só não concebo como é que pode condenar-se um país por cerrar fileiras, se efectivamente cercado por bombas atómicas e um agressor externo para quem longe, distância e legitimidade são conceitos relativos, face aos interesses económicos de que não parecem dispostos a abdicar. E, como dizia alguém ou alguns ou mesmo muitos, continuam a ir ao supermercado em carrinhas de 53000 centímetros cúbicos e 47 carburadores.