9 de maio de 2008

Tempo

Apenas o iMac vai sobrevivendo com a lucidez de sempre. À espera do camião esvazio o maço de cigarros e um pacote de leite, sozinho com mobília desmembrada, pó, esqueletos, o lugar dos quadros nas paredes, despojos de guerras surdas, um saco cheio de merdas cai, algures entre o quarto e a sala, a marca preta de seja lá o que for que a televisão liberta no sentido contrário ao da imagem (deve ser a realidade, porque chamuscou a parede), enfim, caos e desordem, milhares de pedaços de coisas embaladas, caixas que se armam e desarmam a grandes velocidades. A ordem promete aguentar-se até à eternidade, hora exacta em que o desejo muda de direcção.

|img| Chema Madoz