Está a ser complicado, o luto. Dirigentes, treinadores, jogadores, sócios, adeptos, jornalistas (tem mesmo que ser em itálico...), todos empancaram na negação e de lá ninguém os tira. Desde há coisa de 34 anos, dia após dia, assistimos à criação de novos messias, bodes expiatórios, delírios de grandeza - tudo tem servido para fugir à única coisa que os poderia safar: o confronto com a prova da realidade. Mas quem estará disposto a isso? A prova da realidade implica, no futebol, um paradoxo de incalculável magnitude: implica parar de distorcer, implica um trabalho de luto sobre mitos e desejos - no fundo, implica suspender a dimensão escapista. E futebol sem escapismo é... o Sporting. Uma seca. Na próxima fase, resta às multidões do Glorioso (outro itálico, volta a ter que ser...) substituir radicalmente um mundo - o mundo do resto do mundo - por outro - o da cabeça deles -, numa folie à 6 million. Fátima já provou que é possível. Mas insuportável de aturar.