10 de setembro de 2007

Portugal is not dead... it just smells funny. [2]

No acompanhamento jornalístico (?) do caso da miúda desaparecida tresandam moralismo, parcialidade, corporativismo, patriotismo, corporativismo patriótico, entre outras vergonhas. A tonalidade actual é a do triunfo vingativo, depois de o casal ter sido declarado arguido no processo. Desde o posicionamento de alguns comentadores mais ou menos especializados até, e esta é a parte grave, ao conteúdo recriminador de algumas peças (portanto julgador - mais do que opinativo, o que já seria mau).

Como na SIC e na SIC-N, por exemplo, em que o Luís Costa Ribas falava como entendido em... jornalismo, respondendo ressabiadíssimo aos supostos ataques dos ingleses à pátria, à polícia e - no fundo era esta a mensagem - a cada um de nós. Depois, no meio das peças sobre o regresso do casal ao Reino Unido, queixaram-se do tratamento diferenciado em relação aos colegas ingleses, que se mexem melhor a fazer merda. Parecendo impossível piorar, aludem de forma ambígua às motivações deste regresso, só faltando assumir literalmente a palavra "fuga" e transformando-o na prova final de qualquer coisa. Veja-se a ignomínia: constituídos arguidos no processo do desaparecimento e possível morte da própria filha, num país estrangeiro e a dias de poderem ser formalmente acusados, tiveram o desplante de preferir estar (legalmente) em casa. Seja qual for a verdadeira condição deles, inocentes ou culpados, fizeram aquilo que deveriam ter feito. O que qualquer pessoa faria. Casa.

O grau-nojento da peça em questão foi atingido com a frase que acompanhava as imagens do carro da família a passar pelos portões: "...sem Madeleine e sem explicações para o desaparecimento da filha."