Neste fim-de-semana a selecção nacional de futebol continua a cumprir a meia-dúzia de jogos anuais com que anima as hostes patriotas. O melhor emprego do mundo é o do seleccionador, que recebe para cima de cento-e-cinquenta-e-tal-mil-euros por mês, só em ordenados, para motivar o pessoal contra as equipas da Polónia, da Arménia, do Azerbaijão ou do Cazaquistão. Claro que, nos escassos intervalos entre a jardinagem e uma meticulosa observação da baía de Cascais, vai fazendo umas perninhas em publicidade, o que é absolutamente legítimo. Depois, de 2 em 2 anos, lá vão todos a uma grande competição, que pode realmente decidir da continuidade ou, quando a coisa corre mesmo mal, a sua transferência para outro país, onde tudo recomeça.
Estou a ser injusto. Este emprego seria canja em países adultos e civilizados. Em Portugal, cada euro do salário do homem é ganho com sangue, suor e lágrimas. Não é para qualquer um, o peso da responsabilidade de providenciar e ajudar a manter a identidade de um povo.